sábado, abril 08, 2006

Entrevista com Mário Martins, voluntário da Casa Pequeno Davi

Mário Luiz Dutra Martins, tem 34 anos e nasceu na cidade do Riode Janeiro/RJ, onde viveu sua infância até aos 12 anos num bairro pobre daBaixada Fluminense. Depois disso foi morar em Natal/RN, onde começou aparticipar de grupos de jovens da igreja católica e teve os seus primeirosdebates sobre questões sociais, tão acaloradas na década de 80: capitalismo x comunismo, má distribuição de renda, desigualdade social e outros temasafins. Com a intenção de formar profissionais socialmente comprometidos, na década de 90, então cursando Engenharia Elétrica na UFRN,ingressou na Pastoral Universitária da igreja católica, um marco na sua vida e uma rica experiência. Depois disso viveu alguns anos em Recife/PE fiscalizando obras do Governo Federal de combate à seca no Nordeste na extinta Sudene - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste. Atualmente, em João Pessoa/PB, trabalha cominformática no Tribunal Regional Eleitoral e é Voluntário na Casa Pequeno Davi.

Marco Francisco: Como surgiu a idéia de ser voluntário na Casa Pequeno Davi e quais as suasfunções na instituição?

Mario Martins: Fui convidado pela coordenadora Ana Raquel a assistir alguns eventos eapresentações das crianças da Casa. Em tais oportunidades pude conhecer aproposta e perceber espaços carentes de profissionais, resultantes depequenas demandas pontuais que não estão no cerne dos projetos, mas que os complementam. São tarefas simples e que não ocupam muito tempo. Minhaprimeira atividade voluntária foi aprender junto com alguns educadores comofuncionava uma câmera filmadora recém-adquirida. Atualmente colaboro com aorganização e manutenção do parque computacional da Casa.

M.F: O que é, para si, ser voluntário? Como se sente ao ser voluntário na CasaPequeno Davi?

M.M: Nós, seres humanos, fomos criados para viver em comunidade. Temos relatoshistóricos de grupos que dependiam essencialmente da colaboração mútua para viver, e tantas outras histórias marcantes de pessoas que abandonaram uma vida de conforto para doar-se a alguma comunidade. O voluntariado faz parte da idéia de se viver em comunidade. É uma forma discreta, tímida, porémmuito importante, de se construir um mundo melhor para todos. Ser voluntárioé gratificante, e na Casa não é diferente. O carinho com que somos tratadospela comunidade Pequeno Davi é imenso. Depois de plantar uma pequena árvore parece que você plantou um bosque inteiro.

M.F: Qual a sua análise ao trabalho desenvolvido pela Casa Pequeno Davi ao longodestes 20 anos de serviço?

M.M: Acredito que o projeto de desenvolvimento de cidadãos socialmenteresponsáveis passa primeiro por uma formação ética na infância, seguida deuma formação político-social na adolescência, sempre acompanhada de muitoacolhimento em comunidade. E a Casa vem cumprindo bem esse papel durantes esses longos 20 anos. Além desta dimensão, para mim fundamental, há também a participação de adolescentes nas oficinas profissionalizantes, o que é muito importante para a construção da auto-estima destes jovens.

M.F: Gostaria de deixar um convite ou uma mensagem para mais possíveisvoluntários na CPD?

M.M: O voluntariado é alimento para a alma. Conheço histórias de vida quepoderiam tomar outro sentido se entrassem em contato com o trabalho detantas instituições que se dedicam a cuidar do outro. O início é muitosimples, basta se dispor a visitar, a conhecer. Não há convite maisconvincente do que aquele que vem de dentro de si próprio.

Texto: Marco Francisco / Fotografia: Marco Francisco